A vasculopatia polipoidal de coroide (VPC) é uma variante de neovascularização macular (neovascularização de coroide) caracterizada pela presença de neovascularização com “pólipos” vasculares em suas extremidades, localizadas em camadas profundas da coroide. Não há consenso se é uma forma diferente de neovascularização ou parte do espectro da DMRI úmida. Sua fisiopatologia e resposta ao tratamento geralmente diferem da DMRI. Estima-se que até 10% dos casos de neovascularização macular em populações asiáticas sejam VPC1, mas também ocorre em outras etnias, inclusive em brasileiros. Reconhecer os sinais e sintomas, precocemente, é crucial para o tratamento adequado.
O QUE É VPC?
Na VPC, os vasos coroidianos proliferam formando estruturas aneurismáticas (“pólipos”) e uma rede vascular anômala abaixo do epitélio pigmentado da retina. Essa malformação leva a exsudação, hemorragias sub-retinianas e possível cicatrização fibrótica.
CAUSAS E FATORES DE RISCO
- As causas e fatores de risco não são completamente conhecidas.
- Geralmente diagnosticada após os 60 anos.
- Em orientais, a VPC é mais comum em homens e é unilateral. Em pessoas brancas, acontece mais frequentemente em mulheres e pode ser bilateral.
SINTOMAS
- Visão central embaçada ou ondulada (metamorfopsia).
- Mancha escura na visão central (escotoma).
- Moscas volantes e sensação de “sombra” transitória.
- Progressão variável: de leve a rápida deterioração, dependendo do grau de exsudação (vazamento).
DIAGNÓSTICO
O diagnóstico parte da avaliação clínica pelo oftalmologista. A partir da suspeita clínica, são realizados exames complementares:
- OCT (Tomografia de Coerência Óptica): cortes ópticos da retina que mostram líquido sub-retiniano, descolamentos do EPR, sinal da dupla camada e sinal do dedo de luva.
- Angiofluoresceinografia: fornece sinais indiretos de neovascularização tipo 1, como vazamento de contraste.
- Angio-ICG: exame padrão-ouro para identificar os pólipos vasculares. Na ausência, pode-se associar angiofluoresceinografia ou OCT-A com OCT.
- OCT-A: evidencia a rede vascular anômala (BVN), embora com menor sensibilidade para os pólipos.
O que esperar: exames rápidos, indolores; angiofluoresceinografia e ICG exigem injeção de contraste.
TRATAMENTO
Injeções intravítreas de anti-VEGF
- Fármacos principais: aflibercepte, ranibizumabe, faricimabe.
- Esquema: mensal por 3 a 6 doses iniciais, seguido de regimes como “tratar e estender” ou “tratar se necessário”.
- Eficácia: redução do fluido e estabilização/melhora da visão em 70–80% dos casos2.
Terapia fotodinâmica com verteporfina (PDT)
Usa laser não térmico (689 nm) para ativar a verteporfina nos vasos anormais, selando-os.
- Indicação: pólipos bem definidos e/ou pouca resposta à monoterapia com anti-VEGF.
- Mecanismo: reduz exsudação e preserva o tecido adjacente.
Combinação anti-VEGF + PDT
- Sinergia: PDT reduz perfusão dos pólipos e o anti-VEGF controla o edema.
- Resultados: melhora visual mais rápida e menor número de sessões3.
PROGNÓSTICO
- Estabilização visual em até 80% dos casos com tratamento adequado.
- Recorrência pode ocorrer, exigindo acompanhamento contínuo.
- Detecção precoce melhora o prognóstico.
PREVENÇÃO E CUIDADOS
- Monitoramento domiciliar com a tela de Amsler.
- Revisões oftalmológicas trimestrais nos primeiros 2 anos ou conforme orientação médica.
PERGUNTAS FREQUENTES
- Pólipos podem desaparecer sozinhos?
– Raramente. O tratamento é geralmente necessário. - PDT ou injeções intravítreas são terapias dolorosas?
– Não. São minimamente dolorosas e realizadas com colírio anestésico. - Posso interromper o anti-VEGF após melhora?
– A interrupção pode ser considerada pelo médico, mas requer seguimento rigoroso para evitar recidiva.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Yannuzzi LA, et al. Idiopathic polypoidal choroidal vasculopathy and neovascular AMD. Retina. 1990;10(1):3–8.
- Spaide RF, et al. Anti-VEGF therapy for PCV. Ophthalmology. 2010;117(4):710–721.
- Gomi F, et al. Combined PDT and ranibizumab for PCV. Retina. 2011;31(3):364–371.