Tratamento da DMRI Neovascular: O que é, Sintomas, Diagnóstico e Tratamentos | SBRV

05/05/2025

A DMRI neovascular, também chamada “úmida”, é a forma mais agressiva da degeneração macular relacionada à idade. Nessa variante, vasos sanguíneos anormais crescem sob a mácula, vazando líquido e sangue que danificam as células retinianas. Sem intervenção, pode levar à perda rápida e significativa da visão central. Felizmente, tratamentos atuais permitem controlar o processo, muitas vezes preservando ou até recuperando parte da acuidade visual¹.

O QUE É O TRATAMENTO DA DMRI NEOVASCULAR?

O objetivo principal é bloquear o crescimento e a permeabilidade dos vasos anormais, reduzindo inchaço e hemorragias na região macular. Isso é alcançado por:

  • Inibição de VEGF (fator de crescimento endotelial vascular), principal mediador da formação de neovasos.
  • Terapias adicionais como laser ou fotodinâmica em casos selecionados.

Ilustração sugerida: corte esquemático da mácula mostrando vasos patológicos e área de exsudação.

CAUSAS E FATORES DE RISCO

  • Idade avançada (≥65 anos).
  • Histórico de DMRI seca em estágio intermediário ou avançado.
  • Tabagismo e exposição solar intensa.
  • Gene ARMS2/HTRA1 associado a maior risco de forma úmida².
  • Hipertensão e aterosclerose – favorecem fragilidade vascular.

SINTOMAS

  • Visão central embaçada ou ondulada (metamorfopsia)
  • Mancha escura ou cinza no centro do campo visual
  • Perda súbita de detalhes finos
  • Dificuldade para ler e reconhecer rostos
  • Sensação de imagem “distante” ou afastada

Alerta imediato: qualquer alteração visual aguda deve levar à consulta oftalmológica de urgência.

DIAGNÓSTICO

  1. Teste de Amsler: identifica distorções no campo central da visão.
  2. OCT (Tomografia de Coerência Óptica): detecta líquido dentro das camadas da retina.
  3. Angiofluoresceinografia: contraste revela neovasos e extravasamento de líquido.
  4. OCT-A (Angio-OCT): mapeia vasos sem necessidade de contraste.

Na consulta: exames indolores, duração total de 20–30 minutos; o médico explicará os achados e plano terapêutico.

TRATAMENTOS ATUAIS

1. Injeções Intravítreas de Anti-VEGF

  • Principais fármacos: bevacizumabe (off-label), ranibizumabe, aflibercepte, faricimabe³.
  • Mecanismo: bloqueiam VEGF, reduzem permeabilidade vascular e neovascularização.
  • Esquema de aplicação:
    • Tratamento inicial intensivo: 1 injeção mensal por 3–6 meses.
    • Manutenção: conforme resposta – “pro re nata” (prn) ou “treat-and-extend” (aumenta intervalo gradual).
  • Eficácia: até 90 % dos pacientes estabilizam ou melhoram visão após 2 anos⁴.

2. Terapia Fotodinâmica (TFD)

  • Indicação: casos refratários de pacientes com vasculopatia polipoidal.
  • Procedimento: verteporfina intravenosa + laser frio que ativa o corante – seletivamente oblitera a neovascularização.
  • Recuperação: leve desconforto ocular temporário; acompanhamento mensal.

3. Fotocoagulação a Laser

  • Uso restrito: lesões extrafoveais sem comprometimento central.
  • Objetivo: fotocoagulação de vasos anômalos.
  • Desvantagem: risco de criar cicatriz retiniana, destruição do tecido sobrejacente com aumento da intensidade da mancha.

4. Novas Perspectivas

Diversos estudos estão em andamento que têm por finalidade avaliar a utilização de novas medicações e dispositivos de liberação lenta de medicamentos.

PROGNÓSTICO

  • Resposta ao anti-VEGF: maioria estabiliza visão; até 40 % melhoram ≥3 linhas de acuidade em 1 ano⁵.
  • Fatores prognósticos favoráveis: início precoce, boa aderência, ausência de cicatrizes prévias.
  • Risco de recorrência: tratamento contínuo pode ser necessário por anos.

PREVENÇÃO E CUIDADOS

  • Monitoramento domiciliar com teste de Amsler.
  • Consulta oftalmológica ao primeiro sinal de metamorfopsia.
  • Controle de comorbidades sistêmicas: pressão arterial e colesterol.
  • Proteção UV e cessação do tabagismo.

PERGUNTAS FREQUENTES

  1. As injeções doem?
    – Pequeno desconforto; procedimento rápido sob anestesia local.
  2. Quantas injeções vou precisar?
    – Varia; no mínimo 3 mensais, depois intervalo conforme resposta.
  3. Posso parar o tratamento se melhorar?
    – Só com aval médico; interrupção abrupta pode causar recaída.
  4. Existe risco de complicações graves?
    – Raro; podem ocorrer infecção ou aumento de pressão intraocular.
  5. O tratamento funciona em todos?
    – A maioria responde bem, mas cerca de 10–15 % têm resposta subótima.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. Brown DM, et al. Ranibizumab versus verteporfin for neovascular AMD. N Engl J Med. 2006;355(14):1432–1444.
  2. de Jong PTVM, et al. Genetics of AMD: the how and why. Prog Retin Eye Res. 2017;56:133–159.
  3. Rosenfeld PJ, et al. Anti-VEGF for neovascular AMD: 2-year results. Ophthalmology. 2011;118(2):120–131.
  4. Schmidt-Erfurth U, et al. Treat-and-extend dosing in neovascular AMD. Retina. 2015;35(10):1921–1932.
  5. Heier JS, et al. Efficacy of aflibercept in neovascular AMD. Ophthalmology. 2012;119(12):2537–2548.

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