As retinopatias autoimunes são um grupo de doenças nas quais o sistema imunológico ataca os antígenos da retina, levando à degeneração progressiva dos fotorreceptores e, consequentemente, à perda visual. Embora raras, essas condições têm impacto significativo na qualidade de vida e podem estar associadas a neoplasias ou síndromes paraneoplásicas1.
O QUE SÃO RETINOPATIAS AUTOIMUNES?
São condições caracterizadas pela produção de autoanticorpos contra proteínas retinianas (como recoverina e enolase), provocando inflamação e apoptose das células fotorreceptoras.
- Exemplos: retinopatia paraneoplásica (CAR – retinopatia associada ao câncer, MAR – retinopatia associada ao melanoma), retinite autoimune idiopática.
CAUSAS E FATORES DE RISCO
- Neoplasias ocultas: pulmão, mama, melanoma.
- Predisposição genética: variantes em HLA (antígenos leucocitários humanos).
- Mais frequente em adultos entre 50–70 anos.
SINTOMAS
- Visão cintilante ou com flashes de luz (fosfenos).
- Manchas escuras (escotomas) centrais ou periféricos.
- Redução da acuidade visual, especialmente à noite (nictalopia) ou em ambientes claros (hemeralopia).
- Fotofobia (sensibilidade à luz).
DIAGNÓSTICO
- ERG (eletrorretinograma): revela redução nas amplitudes das ondas A e/ou B.
- Autoanticorpos séricos: identificados por métodos como Western blot.
- OCT (Tomografia de Coerência Óptica): pode mostrar afinamento da camada de fotorreceptores.
- Pesquisa de neoplasias ocultas: exames de imagem corporal são indicados, especialmente em suspeitas de retinopatia paraneoplásica.
TRATAMENTO
A base do tratamento é a imunossupressão com corticosteroides sistêmicos. Em casos refratários, podem ser utilizados imunomoduladores ou agentes biológicos, como o rituximabe2.
PROGNÓSTICO
- Sem tratamento precoce, a progressão pode ser rápida.
- A estabilização visual é possível em cerca de 30–50% dos casos com terapia imunossupressora adequada.
PREVENÇÃO E CUIDADOS
- Pesquisa ativa de neoplasias, principalmente em casos de retinopatia paraneoplásica.
- Monitoramento oftalmológico frequente e ajuste contínuo da imunoterapia.
PERGUNTAS FREQUENTES
- É curável?
– Não, mas o tratamento pode retardar ou estabilizar a progressão. - O tratamento é vitalício?
– Frequentemente prolongado, com doses ajustadas conforme a resposta clínica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Thirkill CE, et al. Autoimmune retinopathies. Am J Ophthalmol. 2003;136(3):496–505.
- Adamus G, et al. Rituximab in CAR. Ophthalmology. 2015;122(8):1575–1582.