A sífilis ocular é uma infecção que pode acometer todas as estruturas do olho, incluindo retina, coroide e nervo óptico. Com a reemergência da sífilis, essa forma tornou-se um diagnóstico importante e desafiador na oftalmologia, pois pode imitar outras doenças oculares.
O QUE É
É a manifestação ocular da infecção por Treponema pallidum, que pode causar inflamação da retina (retinite), vasos (vasculite) ou do nervo óptico (neuroretinite).
CAUSAS E FATORES DE RISCO
- Infecção sexualmente transmissível (sífilis adquirida).
- Coinfecção com HIV aumenta a chance e severidade do acometimento ocular.
SINTOMAS
- Visão borrada ou distorcida.
- Presença de moscas volantes.
- Dor ocular e fotofobia (sensibilidade à luz).
DIAGNÓSTICO
- Sorologia (VDRL/RPR + FTA-ABS): confirma a infecção sistêmica.
- Fundoscopia: alterações variáveis, como lesões hipopigmentadas, retinite em placa ou descolamento de retina (sífilis é chamada de “a grande mascaradora”).
- Exames de imagem: retinografia, angiofluoresceinografia, autofluorescência, OCT e OCT-A identificam inflamação ativa e cicatrizes, e são úteis para diagnóstico e acompanhamento.
TRATAMENTO
- Penicilina cristalina endovenosa: é o tratamento de escolha para sífilis ocular, por pelo menos 10 a 14 dias.
- Corticosteroides sistêmicos: podem ser usados após 48 horas de antibiótico, para reduzir inflamação sem comprometer o tratamento da infecção.
PROGNÓSTICO
- Alta taxa de recuperação visual se o tratamento for iniciado precocemente.
- Risco de sequelas visuais permanentes com diagnóstico ou tratamento tardio.
- Recomenda-se investigação de neurossífilis, já que o envolvimento ocular ocorre em até 40% dos casos com comprometimento neurológico.
PREVENÇÃO E CUIDADOS
- Exames de rotina para sífilis em populações de risco (pessoas com múltiplos parceiros, HIV positivo, gestantes).
- Uso correto de preservativos.
- Educação em saúde sexual e diagnóstico precoce.
PERGUNTAS FREQUENTES
- A sífilis ocular é grave?
– Sim; se não tratada rapidamente, pode causar cegueira. - Toda sífilis afeta os olhos?
– Não; o acometimento ocular é mais comum nas fases secundária e terciária da doença.
REFERÊNCIAS
- Goldenberg DT, et al. Ophthalmology. 2005;112(1):101–109.
- Park JG, et al. Surv Ophthalmol. 2012;57(6):448–469.