A Atrofia Geográfica é uma forma avançada da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), caracterizada pela perda progressiva de células da mácula e formação de áreas de atrofia na retina. Essa doença provoca manchas escuras no centro da visão, afetando atividades diárias como leitura e reconhecimento de rostos. Estima-se que no Brasil mais de 300 mil pessoas tenham alguma área de atrofia geográfica, e o número tende a crescer com o envelhecimento da população¹. Apesar de ainda não existir cura definitiva, abordagens atuais podem retardar a evolução e ajudar o paciente a manter a melhor qualidade de vida possível.
O QUE É ATROFIA GEOGRÁFICA?
A Atrofia Geográfica (AG) é o estágio tardio da DMRI seca. Nessa condição, ocorre morte de células fotorreceptoras e do epitélio pigmentar da retina, formando áreas bem definidas de “sombra” na visão central.
Como afeta a visão: perda gradual de visão central, dificuldade em distinguir detalhes finos e cores.
Estágios:
- Inicial: pequenas áreas de atrofia, muitas vezes assintomáticas.
- Moderado: aumento das áreas, sintomas começam a se manifestar.
- Avançado: extensas áreas de atrofia levam a perda visual significativa.
Ilustração sugerida: diagrama do olho com zonas de atrofia na mácula.
CAUSAS E FATORES DE RISCO
- Idade: principal fator não modificável; pessoas acima de 75 anos apresentam maior risco.
- Genética: variantes nos genes CFH, C3 e C2 estão relacionadas à maior predisposição².
- Tabagismo: aumenta em até 2,5 vezes a chance de desenvolver AG; cessar o hábito é fundamental.
- Inflamação crônica e estresse oxidativo: processos que fragilizam células retinianas.
- Nutrição deficiente: baixo consumo de antioxidantes e carotenoides.
- Doenças sistêmicas: hipertensão e aterosclerose podem acelerar o dano retiniano.
SINTOMAS
A sintomatologia pode ser sutil no início e agravar-se com o tempo:
- Visão central embaçada
- Manchas escuras fixas no campo visual central
- Dificuldade com contraste e cores
- Necessidade de mais iluminação para leitura
- Distorção leve de linhas retas (em estágios iniciais)
Sinais de alerta:
- Aumento rápido das manchas escuras
- Perda significativa da leitura de letras de tamanho normal
- Distúrbios visuais que atrapalham tarefas diárias
DIAGNÓSTICO
- Acuidade visual: avalia perda funcional.
- Teste de Amsler: detecta áreas de distorção.
- Tomografia de Coerência Óptica (OCT): identifica espessura e áreas de atrofia com alta definição.
- Autofluorescência: destaca regiões sem pigmento.
- Angio-OCT: avalia circulação na coroide e áreas de não perfusão.
O que esperar: exames rápidos, indolores, realizados em ambulatório; duração total de cerca de 30 minutos.
TRATAMENTO
Ainda não há terapias que revertam a atrofia, mas algumas estratégias podem retardar a progressão:
- Suplementação nutricional (AREDS2): luteína, zeaxantina, vitaminas C e E, zinco e cobre³.
- Antioxidantes orais: proteção contra estresse oxidativo contínuo.
- Bloqueio do complemento: terapias em estudo (pegcetacoplan e avacincaptad pegol) visam modular via complementar para frear atrofia⁴.
- Reabilitação visual: uso de lupas, filtros e treinamento para maximizar o uso da visão preservada.
PROGNÓSTICO
- Taxa média de expansão: 1,5–2 mm² por ano em olhos com AG estabelecida⁵.
- Visão funcional: a perda central reduz drasticamente a leitura e a condução, mas a visão periférica geralmente é mantida.
- Fatores favoráveis: início precoce de suplementos e cessação do tabagismo.
PREVENÇÃO E CUIDADOS
- Exames oftalmológicos a cada 6–12 meses após os 65 anos.
- Parar de fumar: ação preventiva mais eficaz.
- Proteção UV: óculos escuros com filtro UV.
- Dieta rica em frutas, vegetais de folhas verdes e peixes.
- Suplementos conforme orientação médica.
PERGUNTAS FREQUENTES
- A AG dói?
Não; não causa dor, apenas alterações visuais. - Há como recuperar a visão perdida?
Ainda não; os tratamentos visam desacelerar a evolução. - Suplementos substituem consultas?
Não; são coadjuvantes e não substituem o acompanhamento. - Posso dirigir com AG?
Depende do grau de perda central; avaliação individual é essencial. - Quanto tempo demora para piorar?
Varia, mas pode levar anos; monitoração frequente ajuda a planejar adaptações.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- Smith W, et al. Prevalence and progression of geographic atrophy. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2018;59(3):1743–1750.
- Fritsche LG, et al. Genetic architecture of geographic atrophy. Nat Genet. 2016;48(2).
- AREDS2 Research Group. JAMA Ophthalmol. 2014;132(2):142–149.
- Liao DS, et al. Complement inhibition in geographic atrophy. Ophthalmology. 2020;127(10):1381–1393.
- Holz FG, et al. Growth of geographic atrophy. Prog Retin Eye Res. 2017;65:1–17.