Atrofia Geográfica: O que é, Sintomas, Diagnóstico e Tratamentos | SBRV

05/05/2025

A Atrofia Geográfica é uma forma avançada da Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI), caracterizada pela perda progressiva de células da mácula e formação de áreas de atrofia na retina. Essa doença provoca manchas escuras no centro da visão, afetando atividades diárias como leitura e reconhecimento de rostos. Estima-se que no Brasil mais de 300 mil pessoas tenham alguma área de atrofia geográfica, e o número tende a crescer com o envelhecimento da população¹. Apesar de ainda não existir cura definitiva, abordagens atuais podem retardar a evolução e ajudar o paciente a manter a melhor qualidade de vida possível.

O QUE É ATROFIA GEOGRÁFICA?

A Atrofia Geográfica (AG) é o estágio tardio da DMRI seca. Nessa condição, ocorre morte de células fotorreceptoras e do epitélio pigmentar da retina, formando áreas bem definidas de “sombra” na visão central.

Como afeta a visão: perda gradual de visão central, dificuldade em distinguir detalhes finos e cores.

Estágios:

  • Inicial: pequenas áreas de atrofia, muitas vezes assintomáticas.
  • Moderado: aumento das áreas, sintomas começam a se manifestar.
  • Avançado: extensas áreas de atrofia levam a perda visual significativa.

Ilustração sugerida: diagrama do olho com zonas de atrofia na mácula.

CAUSAS E FATORES DE RISCO

  • Idade: principal fator não modificável; pessoas acima de 75 anos apresentam maior risco.
  • Genética: variantes nos genes CFH, C3 e C2 estão relacionadas à maior predisposição².
  • Tabagismo: aumenta em até 2,5 vezes a chance de desenvolver AG; cessar o hábito é fundamental.
  • Inflamação crônica e estresse oxidativo: processos que fragilizam células retinianas.
  • Nutrição deficiente: baixo consumo de antioxidantes e carotenoides.
  • Doenças sistêmicas: hipertensão e aterosclerose podem acelerar o dano retiniano.

SINTOMAS

A sintomatologia pode ser sutil no início e agravar-se com o tempo:

  • Visão central embaçada
  • Manchas escuras fixas no campo visual central
  • Dificuldade com contraste e cores
  • Necessidade de mais iluminação para leitura
  • Distorção leve de linhas retas (em estágios iniciais)

Sinais de alerta:

  • Aumento rápido das manchas escuras
  • Perda significativa da leitura de letras de tamanho normal
  • Distúrbios visuais que atrapalham tarefas diárias

DIAGNÓSTICO

  1. Acuidade visual: avalia perda funcional.
  2. Teste de Amsler: detecta áreas de distorção.
  3. Tomografia de Coerência Óptica (OCT): identifica espessura e áreas de atrofia com alta definição.
  4. Autofluorescência: destaca regiões sem pigmento.
  5. Angio-OCT: avalia circulação na coroide e áreas de não perfusão.

O que esperar: exames rápidos, indolores, realizados em ambulatório; duração total de cerca de 30 minutos.

TRATAMENTO

Ainda não há terapias que revertam a atrofia, mas algumas estratégias podem retardar a progressão:

  • Suplementação nutricional (AREDS2): luteína, zeaxantina, vitaminas C e E, zinco e cobre³.
  • Antioxidantes orais: proteção contra estresse oxidativo contínuo.
  • Bloqueio do complemento: terapias em estudo (pegcetacoplan e avacincaptad pegol) visam modular via complementar para frear atrofia⁴.
  • Reabilitação visual: uso de lupas, filtros e treinamento para maximizar o uso da visão preservada.

PROGNÓSTICO

  • Taxa média de expansão: 1,5–2 mm² por ano em olhos com AG estabelecida⁵.
  • Visão funcional: a perda central reduz drasticamente a leitura e a condução, mas a visão periférica geralmente é mantida.
  • Fatores favoráveis: início precoce de suplementos e cessação do tabagismo.

PREVENÇÃO E CUIDADOS

  • Exames oftalmológicos a cada 6–12 meses após os 65 anos.
  • Parar de fumar: ação preventiva mais eficaz.
  • Proteção UV: óculos escuros com filtro UV.
  • Dieta rica em frutas, vegetais de folhas verdes e peixes.
  • Suplementos conforme orientação médica.

PERGUNTAS FREQUENTES

  1. A AG dói?
    Não; não causa dor, apenas alterações visuais.
  2. Há como recuperar a visão perdida?
    Ainda não; os tratamentos visam desacelerar a evolução.
  3. Suplementos substituem consultas?
    Não; são coadjuvantes e não substituem o acompanhamento.
  4. Posso dirigir com AG?
    Depende do grau de perda central; avaliação individual é essencial.
  5. Quanto tempo demora para piorar?
    Varia, mas pode levar anos; monitoração frequente ajuda a planejar adaptações.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

  1. Smith W, et al. Prevalence and progression of geographic atrophy. Invest Ophthalmol Vis Sci. 2018;59(3):1743–1750.
  2. Fritsche LG, et al. Genetic architecture of geographic atrophy. Nat Genet. 2016;48(2).
  3. AREDS2 Research Group. JAMA Ophthalmol. 2014;132(2):142–149.
  4. Liao DS, et al. Complement inhibition in geographic atrophy. Ophthalmology. 2020;127(10):1381–1393.
  5. Holz FG, et al. Growth of geographic atrophy. Prog Retin Eye Res. 2017;65:1–17.

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