Hot topics – ASRS – Boston – 11 a 15/8/2017

  • 28 de agosto de 2017
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Colaboração: Eduardo Büchele Rodrigues (SC), Gustavo Barreto de Melo (SE), José Eduardo Cançado (MS), Raphael Fernandes (MG), Mário Junqueira Nóbrega (SC)

I. DMRI

1. Análise metabolômica plasmática humana em DMRI através de espectroscopia com ressonância magnética nuclear – Joan Miller, MD.

Estudo prospectivo transversal cruzado para investigar perfil metabólico de pacientes > 50 anos em diferentes estágios de DMRI. Ela comparou os dados com 2 grupos de pacientes sem DMRI, um do sul da Europa e outro do nordeste dos EUA. A análise demonstrou diferenças nos níveis de aminoácidos, ácidos orgânicos, creatinina, dimetilsulfona e moléculas lipídicas específicas entre os 2 grupos além de diferenças regionais no perfil metabolômico dos pacientes com DMRI. É o primeiro estudo a demonstrar alterações metabolômicas plasmáticas em pacientes com DMRI na comparação com controles. Embora haja limitações por efeitos de confusão, os dados são surpreendentes e demonstram o potencial da análise metabolômica para identificar novos biomarcadores de DMRI e distintas formas de DMRI.

2. Redução do risco de neovascularização de coroide (NVC) depois de terapia protetora retiniana com laser micropulso diodo sublimiar para DMRI seca – Jeffrey Luttrull, MD.

Avaliação de 432 olhos (290 pacientes, média de idade 83 anos) portadores de DMRI seca e tratados com laser micropulso panmacular; seguimento médio de 20 meses. No início do estudo, 27% dos pacientes tinham NVC contralateral e 37% tinha pseudodrusas reticulares. A incidência geral de NVC foi 7/432 olhos, resultando em taxa anual de 0,97%. Pseudodrusas reticulares e NVC no olho contralateral estiveram associadas a maior risco de NVC depois do tratamento com laser. Concluiu-se que esta modalidade de tratamento possivelmente reduz o risco de nova NVC em DMRI seca.

3. Sinais tomográficos que precedem o início da DMRI tardia – Johanna Seddon, MD.

Avaliação de novos biomarcadores de OCT para monitorar gravidade e progressão da DMRI. Dois grupos: o que progrediu para DMRI tardia em 5,2 anos e o que não progrediu em 5,6 anos. Espessura retiniana total, material hiperrefletivo pigmentado do EPR, início de atrofia geográfica e alterações de coroide foram associados, em 5 a 6x, à progressão da doença. Houve maior afinamento de coroide nos olhos que tiveram progressão da doença.

4. Liberação para terapia gênica sub-retiniana (RGX-314) no tratamento da DMRI neovascular – Jeffrey Heier, MD

RGX-314 é ensaio de terapia gênica sub-retiniana. Objetivo de liberar um gene que codifica a proteína fab anti-VEGF. Limitações existem em relação ao vetor de melhor expressão (AAV8 tem maior efeito) e melhor liberação sub-retiniana. Neste ensaio, os pacientes recebem uma aplicação de ranibizumab no início e a resposta é avaliada 2 semanas depois (para cerrificar que os pacientes respondem a ele). A seguir, realiza-se a vitrectomia e injeção sub-retiniana. O tratamento cirúrgico é realizado sob anesthesia local e injeção feita com cânula sub-retiniana 38g (MedOne Surgical, Inc, Sarasota, FL). A cânula sub-retiniana é introduzida em ângulo oblíquo e liberam-se 250 microlitros fora das arcadas. Esta terapia é muito promissora e aguardam-se os resultados.

II. Retinopatia diabética

1. Espessamento macular persistente depois de tratamento com Ranibizumab para edema macular diabético (EMD) com baixa visual. Lee Jampol, MD.

Protocolo I do DRCR.net recomenda injeções mensais durante 6 meses a menos que AV seja 20/20 e OCT seja normal. Depois de 6 meses, se AV e OCT são estáveis por duas visitas consecutivas, não é realizada a injeção. Dr. Jampol discutiu sobre a razão deste esquema ao demonstrar que a melhora significante no espessamento retiniano e na visão continua até 6 meses do início do tratamento. A frequência de pacientes com edema persistente diminui de 76% no mês 1 para 42% no mês 6. Dos olhos com edema macular persistente no mês 6, 60% não apresentam em 3 anos.

Take-home messages: não pare ou mude o tratamento se edema persiste depois de apenas 3 injeções; 6 meses de tratamento é o melhor período para avaliar a eficácia do tratamento.

2. Espessamento macular persistente depois de tratamento intravítreo com Aflibercept, Bevacizumab ou Ranibizumab para EMD com acometimento central e diminuição visual. John Wells, MD, FACS.

Discussão do Protocolo T do DRCR.net. EMD persistente em 24 semanas é mais provável com Bevacizumab (65,6%) do que com Aflibercept (31,5%) ou Ranibizumab (41,5%). Nos grupos de Aflibercept e Ranibizumab, os dados sugerem que os resultados visuais são levemente piores em olhos com EMD persistente do que em olhos sem EMD persistente em 24 semanas. Entre os olhos com EMD persistente em 24 semanas, a frequência de resolução do EMD persistente em 2 anos foi maior com Aflibercept do que com Bevacizumab. Em pacientes que seguem o protocolo de tratamento DRCR.net para EMD durante 2 anos, o ganho de acuidade visual é a norma, e perda visual maior do que 2 linhas é incomum.

3. Resultados no “mundo real” do tratamento de EMD com antiVEGF nos EUA. Thomas Ciulla, MD, MBA.

Utilização de base de dados Vestrum que inclui informação de mais de 800.000 pacientes. Três grupos foram estudados: pacientes com EMD que tinham 6 meses, 12 meses e 24 meses de tratamento. Nos 3 grupos, a média de ganho visual foi aproximadamente 6 letras. Pacientes com EMD e pior AV no início do tratamento melhoram mais do que aqueles com melhor visão. Em pacientes com visão melhor ou igual a 20/40, na média, houve piora de 2 letras em todos os grupos. Não houve diferença significante no número de injeções intravítreas de Bevacizumab, Ranibizumab e Aflibercept embora os dados de 2 anos ainda não estejam disponíveis para o grupo tratado com Aflibercept. No “mundo real”, os indivíduos recebem menor número de injeções do que em ensaios clínicos. Também há condições coexistentes, no “mundo real”, que excluiriam pacientes de participação nos ensaios clínicos. Em conclusão, pacientes com EMD do “mundo real” não têm a evolução tão boa como os ensaios clínicos predizem.

4. Inibição da progressão da retinopatia diabética com implante de Acetato de Fluocinolona 0,2 microgramas/dia: análise controlada do olho contralateral. Raymond Iezzi, MD, MS.

Estudo FAME (implantes de Fluocinolona em olhos com retinopatia diabética) mostrou redução de 59% da progressão para retinopatia diabética proliferativa a partir da não-proliferativa. Também houve 37,5% de aumento da probabilidade de melhora em 2 degraus no DRSS (Diabetic Retinopathy Severity Score). Fluocinolona também mostrou ser neuroprotetora e inibidora da inflamação neural em estudos com ratos.

5. Resposta a longo prazo na AV em não-responsivos iniciais tratados com implantes de Acetato de Fluocinolona 0,2 microgramas/dia no estudo FAME. Daniel Roth, MD.

Não-responsivos iniciais foram definidos como aqueles com diminuição na espessura macular central menor do que 50 micra ou melhora na AV menor do que 5 letras na semana 6 de tratamento. No mês 36, 51% dos não-responsivos tiveram melhora maior de 5 letras e 21% tiveram piora maior de 5 letras. Muitos dos não-responsivos iniciais, com o tempo, vão mostrar redução moderada do edema.

6. Impacto da perfusão macular inicial nos resultados anatômicos e visuais durante tratamento do EMD: análise do estudo VISTA fase 3 (Aflibercept para EMD). Charles Wykoff, MD, PhD.

Não-perfusão macular no início foi um marcador de doença mais avançada. Na semana 100, uma proporção maior de pacientes tratados com Aflibercept mostrou melhora da perfusão macular comparados aos tratados com laser. Independentemente do status de perfusão macular ou mudança no status, pacientes tratados com Aflibercept mostraram melhores resultados anatômicos e visuais do que os tratados com laser.

7. Kenalog® centrifugado: alternativa fácil, rápida e barata para liberação de corticoide intraocular a longo prazo. Susan Malinowski, MD.

Prepara-se o Kenalog ® (Bristol-Myers-Squibb) numa centrífuga durante 30 segundos. Neste estudo, 0,1 ml do depósito de triancinolona foi injetado. Trataram-se 63 olhos de 52 pacientes com edema macular persistente devido a várias condições oculares (uveíte, oclusão de veia retiniana, retinopatia diabética, retinopatia por irradiação), apesar de procedimentos prévios múltiplos, como vitrectomia, corticoides e injeções de antiVEGF. A média de duração do efeito foi 8,4 meses depois de uma única injeção. Pacientes com história de vitrectomia tiveram média de duração do efeito de 5,7 meses. Não houve casos de endoftalmite infecciosa. Aumento de PIO > 10 mmHg ocorreu em 21% dos olhos tratados. Observou-se que a preparação centrifugada do Kenalog ® mostrou duração de efeito mais longa do que a do Tiesence ® (Alcon).

Comparação da duração do efeito dos esteroides intravítreos a longo prazo (2 e 3 anos): Ozurdex ® (implante de Dexametasona 0,7 mg) foi 3 meses, Iluvien ® (implante de Fluocinolona 0,19 mg) foi 36 meses, Retisert ® (implante de Fluocinolona 0,59 mg) foi 30 meses e Kenalog ® centrifugado foi 8,4 meses.

Nota do editor (MJN): Estudo de Chin e cols. (Retina. 2005;25:1107) mostrou que, decantando-se a triancinolona (sem centrifugação), obtém-se aumento significante na sua concentração. Inicialmente, agita-se o frasco de triancinolona (40 mg em 1 ml) e aspira-se todo o seu conteúdo com seringa tuberculina (1 ml). Coloca-se a seringa na posição vertical, com a ponta virada para cima, durante tempo variável. Observa-se que 0,1 ml da suspensão depositada na porção inferior da seringa vai apresentar, depois de 5 min de repouso, 10,5 mg de triancinolona; depois de 10 min, 15 mg; depois de 15 min, 17,0 mg; depois de 20 min, 18,5 mg; depois de 30 min, 19,8 mg, depois de 40 min, 21,2 mg.

8. Prevenção do edema macular com Aflibercept intravítreo em pacientes com retinopatia diabética submetidos à cirurgia de catarata – Promise Study. Rishi Singh, MD.

Estudo em fase 2, comparando-se injeção intravítrea de Aflibercept com sham e observação pós-operatória em 30 e 60 dias . Análise preliminar mostrou ausência de eventos adversos sérios. Edema macular foi definido como aumento de 30% ou mais na espessura central da retina. Resultados mostraram que o edema foi significantemente menor nos olhos tratados com Aflibercept do que nos tratados com sham. Quanto à perda de visão de 5 letras depois de dois exames consecutivos com edema macular, houve maior proporção de pacientes no grupo sham. Também houve maior proporção de pacientes com 20/20 no grupo Aflibercept.

9. Perda do plexo capilar profundo no início está associada à recuperação da integridade dos fotorreceptores a longo prazo depois de tratamento do edema macular diabético. Young Hee Yoon, MD.

Tratamento de edema macular diabético com anti-VEGF levou a melhora significante da integridade da zona elipsoide e da membrana limitante externa em 12 meses. O grau de perda do plexo capilar profundo no início da resolução do edema de mácula está correlacionado com a recuperação da integridade dos fotorreceptores a longo prazo. Os que não responderam à terapia anti-VEGF, com perda significante do plexo capilar profundo no início, mostraram pior recuperação dos fotorreceptores em 1 ano.

III. Retina vascular

1. Ranibizumab melhora a visão em pacientes com neovascularização de coroide miópica: resultados da fase III do Estudo Radiance. Paul Hahn, MD, PhD.

Estudo randomizado, duplo-mascarado que compara injeções de Ranibizumab se necessárias (PRN), depois de uma ou duas doses de ataque, com terapia fotodinâmica com verteporfirina (PDT) em neovascularização de coroide miópica. Avaliados 222 pacientes; observaram que terapia com Ranibizumab foi superior ao PDT no seguimento de 3 e 12 meses. Dos pacientes tratados com Ranibizumab, em 12 meses, 48% ganharam mais de 15 letras ETDRS, comparado a 29% dos pacientes tratados com PDT. Além disso, observou-se que indivíduos com NVC miópica necessitaram relativamente menos injeções, até 12 meses de seguimento, do que indivíduos com DMRI: 51% precisaram somente 1 ou 2 injeções durante este tempo.

2. Papel do anti-VEGF pré-operatório durante a vitrectomia para hemorragia vitrea em relação a hemorragia vítrea pós-operatória que não melhora e edema macular cistoide. Manish Nagpal, MD, FRCS.

Estudo retrospectivo de 312 olhos de 224 pacientes com hemorragia vítrea que não se reabsorveu; 147 olhos receberam anti-VEGF pré-operatório e 165 olhos não receberam (controles). A incidência de hemorragia vítrea pós-operatória foi maior em olhos controles (21,81%) do que em olhos que receberam Injeções de anti-VEGF no pré-operatório (9,52%; p=0,02). Também houve tendência a menor espessura macular central, no pós-operatório de 1 mês, nos olhos tratados (263,4 micra) do que nos olhos controles (289 micra). Observou-se que a retinopatia diabética proliferativa foi a causa mais comum de hemorragia vítrea neste estudo.

3. Desorganização das camadas retinianas internas como fator de previsibilidade da acuidade visual em olhos com edema macular secundário à oclusão venosa. Ori Segal, MD.

Estudo retrospectivo multicêntrico que incluiu 136 olhos. Concluiu-se que a quantidade de desorganização das camadas retinianas internas antes do tratamento correlaciona-se à acuidade visual (p= 0,003). Sugere-se que a melhora na desorganização das camadas retinianas internas aos 4 meses, depois de 3 aplicações de Bevacizumab, pode ajudar a prever a acuidade visual futura.

4. Ranibizumab com ou sem PDT para vasculopatia polipoidal de coroide: resultados de 12 meses do Everest II. Colin Tan, MBBS, MMed, FRCSEd.

Estudo com randomização de 322 pacientes. Tratamento combinado (ganho médio de 8,3 letras) foi superior à monoterapia com Ranibizumab (ganho médio de 5,1 letras) depois de 1 ano e observou-se regressão completa dos polipos (p=0,013). No entanto, monoterapia com Ranibizumab permitiu bons resultados visuais nos pacientes com polipoidal incluídos neste estudo.

IV. Buraco macular

1. Criação de retinotomia paracentral para facilitar fechamento de grande buraco macular resistente – Michael Tsipursky, MD.

Não há consenso no tratamento do buraco macular quando a cirurgia inicial não tem sucesso. Entre as opções, estão gás de longa permanência na cavidade vítrea, óleo de silicone, posicionamento da cabeça por tempo mais prolongado e aproximação das bordas do buraco com scrapper. A técnica proposta nesta apresentação envolve a criação de retinotomia nasal à fóvea: inicialmente, aplica-se endodiatermia, depois procede-se à retinotomia com cânula soft-tip 25g, seguida pela troca fluidogasosa e infusão de gás. Parece que isto melhora o compliance retiniano ao relaxar o tecido macular e permitir fechamento do buraco. A realização de retinotomia paracentral nasal à fóvea tem menor risco de descolamento de retina do que a retinotomia paracentral temporal à fóvea. A série clínica constou de 6 pacientes com falha primária no fechamento do buraco; cinco obtiveram fechamento do buraco macular; não houve piora visual em nenhum dos casos operados.

2. Incidência e fatores de risco para aparecimento de buraco de mácula idiopático em pacientes americanos – Jay Stewart, MD.

É o maior estudo nesta área. Retrospectivo e longitudinal com dados obtidos do Clinformatics Data Mart e inclusão de 600.000 indivíduos. Durante o período do estudo, 144 indivíduos apresentaram novos buracos maculares (0,02%) com indicação de vitrectomia. A incidência de buraco macular foi 4,4 casos por 100.000 pessoas-anos. A média de idade dos pacientes que necessitaram vitrectomia para buraco macular foi 62,5 anos e 72,9% eram mulheres. Os fatores de risco associados com buraco macular foram sexo feminino (hazard ratio 1,64) e etnia asiático-americana (hazard ratio 2,77), possivelmente devido à maior incidência de miopia nesta população. Catarata (hazard ratio 1,86) e pseudofacia ou afacia (hazard ratio 3,66) também foram associadas ao desenvolvimento de buraco macular. O aumento da idade levou ao aumento do risco de buraco macular até que os pacientes alcançassem 75 anos, após o que a idade tornou-se fator protetivo.

3. Estudo comparativo da técnica de inversão do flap da MLI versus técnica convencional em buracos maculares idiopáticos grandes: resultados anatômicos e visuais – Naresh Kannan, MS, FNB, MBA.

Buracos maculares de espessura total maiores de 600 micra. Coloração da MLI com corante Brilliant Blue G, realização do peeling MLI ou inversão MLI e injeção intravítrea de 2 ml de SF6 100%. Observou-se melhora significante da acuidade visual e melhores resultados anatômicos com a técnica da MLI invertida. Esta técnica pode ser usada para buracos maculares miópicos, traumáticos, fossetas de papila e buracos maculares que não tiveram fecharam com cirurgia inicial.

4. Buracos maculares em diabéticos tratados com inversão do flap da MLI. Jerzy Nawrocki, MD, PhD.

Série de 23 olhos de 21 pacientes diabéticos com buraco macular de espessura total operados com esta técnica. Todos os buracos fecharam com uma cirurgia. O tamanho do buraco correlacionou-se com a acuidade visual um ano depois da cirurgia. A técnica do flap temporal invertido da MLI pode ser usada com sucesso em todos os tipos de diabetes.

5. Um novo corante (Antocianina) da fruta Açai (Euterpe oleracea) para cromovitrectomia em olhos humanos: resultados preliminares de ensaio fase I. Maurício Maia, MD, PhD.

Estudo mostra eficácia e segurança deste novo corante na concentração de 25% para identificação da hialoide posterior e MLI em olhos humanos, durante vitrectomia VPP sem sutura. Suas vantagens são o peso (vai direto ao fundo do olho durante a injeção), a coloração da hialoide posterior e MLI, o preço mais barato e possível menor toxicidade. A antocianina pode ser uma alternativa para utilização nestas cirurgias; no entanto, novos estudos e seguimento mais prolongado são necessários.

V. Tração vitreomacular

1. Vitreólise pneumática para tração vitreomacular: comparação de injeção intravítrea de C3F8 versus SF6 versus ar. Calvin Mein, MD e Nathan Steinle, MD.

Liberação de tração vitreomacular depois de 28 dias: 9% com injeção de veículo, 26% com Ocriplasmina e 84% através de vitreólise pneumática (Yu e cols, Retina. 2016: 36). Liberação de tração vitreomacular no seguimento final: 14% com ar, 48% com ocriplasmina, 56% com SF6, 84% com C3F8 (Mein e Steinle).

VI. Recursos em cirurgia oftalmológica e técnicas cirúrgicas

1. Cirurgia oftalmológica com “Heads up/3D” (informações de slides: autor não identificado).

Desenvolvida, originalmente, para neurocirurgia. Introduzida em Oftalmologia para cirurgias do segmento anterior e posterior. Rapidamente sendo adotada por cirurgiões vitreorretinianos. Dual com elevada variação dinâmica 4K: câmeras captam imagens de cada ocular. Cirurgião usa óculos 3D para visibilizar imagem em monitor OLED ultraHD 4K.

Vantagens: melhora da postura e diminuição da sobrecarga cervical do cirurgião; melhor visibilização (pequenas coisas aparecem grandes, melhora da profundidade do campo e visão hiperestereoscópica, manipulação digital da imagem (níveis de iluminação mais seguros, filtros permitem identificação de tecidos específicos), educação (fellows, residentes, equipe e colegas).

Curva de aprendizado: Retardo imperceptível (sem intervalo entre a aquisição da imagem e os movimentos), hiperestereopsia de difícil ajuste pelos cirurgiões de segmento anterior, sutura pode necessitar uma certa adaptação, iluminação menor e mais difusa.

Futuro brilhante: tecnologia em rápida evolução, manipulação da imagem depois de sua aquisição, integração com outras modalidades (OCT intraoperatório, endoscópio), início da era do microscópio digital, aplicações em telemedicina (educação à distância, robótica pode permitir telecirurgia).

2. Análise estrutural e resultados cirúrgicos a longo prazo com a fixação intraescleral sem sutura de implantes secundários em olhos humanos. Bozho Todorich, MD, PhD.

Estudo anatômico e visual de 122 olhos consecutivos operados através desta técnica (SIS) com lente de 3 peças. Em geral, os resultados foram favoráveis, com melhora média de 20/633 a 20/83, num seguimento médio de 1,52 anos. Destes olhos, 96,7% tinham fixação estável da LIO no último exame. A necessidade de reoperação para reposicionamento da LIO foi 13,1%.

3. Análise comparativa das técnicas de sutura escleral e fixação intraescleral do háptico sem sutura em olhos com subluxação do cristalino tratados com vitrectomia via pars plana. Edmund Wong, MBBS, MMed, FRCS, FAMS.

Estudo retrospectivo não-randomizado que incluiu 38 olhos com sutura escleral e 46 com fixação intraescleral sem sutura. Seguimento médio de 2,24 anos; olhos com sutura escleral apresentaram melhor visão do que olhos sem sutura (logMAR 0,23 vs 0,40, p=0,077), mas isto não foi estatisticamente significante. O método sem sutura escleral apresentou a melhor correção do equivalente esférico (-0,57 dioptrias) do que o método com sutura (-1,77 dioptrias).

4. Resultados de 1 ano de vitrectomia via pars plana e fixação escleral de LIO com sutura de Gore-Tex. M.Ali Khan, MD

Análise de 84 olhos com implante de LIO Akreos AO60 (Bausch-Lomb, Bridgewater, NJ). Seguimento médio de 598 dias, com melhora visual média de 20/782 a 20/65 (p<0,001). A complicação mais comum foi hemorragia vítrea transitória (7,1%). Não houve casos de endoftalmite, erosão ou ruptura da sutura ou deslocamento da LIO. VII. Retina pediátrica

1. Resultados da cirurgia vitreorretiniana para complicações da retinosquise juvenil ligada ao X. Parveen Sen, MBBS, MS.

Estudo retrospectivo de 28 olhos de 25 pacientes com descolamento de retina associado à retinosquise juvenil ligada ao X, tratados entre 1997 e 2015. Seguimento médio de 42 meses e sucesso com uma cirurgia em 50% dos casos, seja introflexão escleral (55,5%) ou vitrectomia VPP (52,6%). De maneira geral, houve reposicionamento retiniano em 77,7% no grupo da introflexão escleral e 79% no grupo da vitrectomia. O pequeno tamanho da amostra não permitiu determinar diferença significativa entre os 2 grupos. De modo geral, a introflexão escleral é opção importante de tratamento mas a sua escolha deve ser guiada por seleção muito criteriosa (ausência de PVR, identificação definitiva das lamelas externas da retinosquise e ausência de rupturas posteriores). Detecção e tratamento precoces são essenciais para o sucesso.

VIII. Oncologia oftálmica

1. Seguimento a longo prazo de estudo sobre Ranibizumab para prevenção da vasculopatia de irradiação. Ivana Kim, MD.

Análise de 4 anos do estudo piloto off-label com injeções intravítreas de Ranibizumab a cada 2 meses, durante 2 anos, em portadores de melanomas de coroide pequenos ou médios tratados com irradiação de prótons. Durante os 2 anos iniciais, 88% dos pacientes tratados com Ranibizumab mantiveram AV igual ou melhor que 20/40, versus 47% nos que não foram tratados. AV teve tendência a diminuir, com o tempo, caso o tratamento fosse interrompido; 66,7% dos pacientes mantiveram AV igual ou melhor que 20/40. Drs. Kim, Carol Shields e Timothy Murray recomedam o esquema “tratar e estender” depois de 2 anos do início do tratamento (Ranibizumab 2/2 meses) para reduzir o risco de perda visual relacionada à vasculopatia por irradiação.

2. Expansão no espectro clínico dos melanocitomas. Jerry Shields, MD.

Em geral, melanocitomas apresentam-se como lesões benignas, com baixo risco de malignidade (2%). Embora sua manifestação mais comum ocorra sobre o disco óptico, ele também pode ocorrer na íris, corpo ciliar, coroide ou mesmo apresentar extensão extraocular (lesões maiores). Raramente, o tumor pode acompanhar-se de obstrução da artéria central da retina, obstrução da veia central da retina, amaurose e dor. Na maioria dos casos, a conduta no melanocitoma é conservadora.

IX. Doenças infecciosas e inflamatórias

1. Adalimumab em uveíte não-infecciosa idiopática – eficácia dos ensaios clínicos VISUAL I e VISUAL II. Pauline Merrill, MD.

Objetivo de verificar o papel do inibidor de TNF, Adalimumab (Humira ®), nestes casos. VISUAL I abrangeu pacientes com uveíte ativa apesar do uso de corticoides orais; VISUAL II recrutou pacientes com uveíte controlada com corticoides. Adalimumab controlou a uveíte muito melhor do que placebo. O efeito foi observado nos 2 estudos, independentemente da localização anatômica ou da doença. Apesar disto, por questões de segurança, os pacientes precisam ser avaliados previamente para tuberculose, doença desmielinizante e estar cientes do risco (baixo) de neoplasia associados com este tratamento.

2. O Estudo Sakura: Sirolimus intravítreo 2/2 meses associado à redução de corticoide em uveítes posteriores não-infecciosas. Alay Banker, MD.

Tratamento com Sirolumus intravítreo na dose de 440 microgramas levou a significante melhora da turvação vítrea e maior sucesso na redução do corticoide oral nestes pacientes. A dose de 44 microgramas apresentou menor eficácia. Efeitos adversos sérios foram incomuns e controláveis. Atualmente, o estudo Sakura duplo mascarado encontra-se em fase 3.

3. Curso clínico e resultados de 1 ano nas alterações angiofluoresceinográficas wide-field na síndrome Susac. Sumit Sharma, MD.

Estudo retrospectivo de 31 pacientes; 25 apresentaram alterações angiofluoresceinográficas, como hiperfluorescência da parede vascular, não-perfusão periférica, alterações capilares periféricas, vazamento ativo periférico, oclusão de ramo arterial retiniano e vazamento difuso de fundo. Tratamento, que incluiu corticoides sistêmicos e frequente imunossupressão ou imunomodulação, levou à melhora na vasculopatia detectada pelas angiografias wide-field. Alguns pacientes tiveram exacerbação durante o tratamento e foram controlados com alterações no regime sistêmico.

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